A Montanha, Ken, recebe o Vento, Sun, formando Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual






O Fio da Meada







Sexta Linha      ___  ___               O
Quinta Linha         ___  ___          I Ching
Quarta Linha                ___  ___               do
Terceira Linha       _______          Caminho
Segunda Linha      _______               do
           Primeira Linha    _______              Céu





Janine Milward





TERCEIRO VOLUME

Os Hexagramas compostos por Ken, a Montanha,
a Quietude, o Mestre



Editora Estrela do Belém




O Fio da Meada


 I Ching do Caminho do Céu

Janine Milward

Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada




Ken, a Montanha, recebe Sun, o Vento,
formando

Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual




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___  ___           Trigrama Visitante: Trigrama do Céu, em Sun, o Vento

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___  ___           Trigrama Estruturador: Trigrama da Terra, em Ken, a         Montanha




Ken, a Montanha, é a Quietude, é a Imobilidade, é o Mestre sentado em seu silêncio.  Ken, a Montanha, tem movimento intensamente descendente e repousa sobre K'un, a Terra, a Mãe, o Abranger, o Receptivo.

Sun, o Vento, a Madeira possui duas Virtudes: é o Vento e vai a todos os lugares e comunica-se com todos os seres e possui movimentos ascendente e descendente - é a Suavidade e é o Penetrante.  E também é a Madeira que entranha-se na Terra, formando e estruturando suas raízes - em movimento descendente - e que vai crescendo, crescendo, buscando o céu, formando a Àrvore - em seu movimento ascendente: é o Penetrante e é a Suavidade, é a Filha mais Velha, aquela que sai da Terra buscando o Céu e faz isso tanto na Planície, em K'un, a Terra, quanto na Montanha, Ken.


Quando Sun, o Vento, a Madeira, une-se com a Terra, K'un, forma o Hexagrama Kuan, Contemplação, Ser Contemplado, Vento sobre Terra.  Neste Hexagrama, a visão da Árvore crescendo a partir de K'un, a Terra, nos traz a imagem de um imenso, alto Portal ou de um Templo ou de uma Torre - quase como se fosse uma Montanha entranhada em outra Montanha:

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O desenho das Linhas de Sun, O Vento, com suas duas Linhas Yang, forma o alto da torre ou do templo, e a Linha Yin une-se, no Hexagrama, com as outras Linhas Yin pertencentes à K’un, A Terra, A Devoção, O Povo.

A torre, ou o templo, é o lugar onde se preserva o Caminho.

Ken, A Montanha, é a porta, o portão, o palácio.  Ken significa longevidade, vida longa, tanto em relação ao passado quanto em relação ao futuro.  Assim, a Montanha duplicada nos revela o Templo dos Ancestrais bem como o lugar propício para o sentar-se em silêncio, para a meditação.  Não podemos nos esquecer que a significação maior do Mestre encontra-se imajada através Ken, A Montanha.

O homem superior está sentado em silêncio, no alto da torre, do templo, da mais alta montanha, em meditação, em Contemplação, Kuan, das verdades do universo que se lhe apresentam.

Ao mesmo tempo em que o homem superior a tudo contempla, é também contemplado por todos e tudo que o rodeiam.

Assim é Kuan, Contemplação: contemplar e ser contemplado.  O Contemplar existe a partir do momento que se fala de uma Torre.  Sendo assim, o homem superior está ao alto dessa Torre e pode contemplar o mundo como um todo.  O Ser Contemplado existe a partir do momento que se fala de uma Torre que, em sendo alta, pode ser vista de longe, por todos aqueles que estão mais abaixo.  Tudo isso faz a fusão entre o Trigrama do Céu, em Ken, a Montanha, e o Trigrama da Terra, em K'un, a Terra.

É certo, porém, que a imagem da Torre, ou do Templo, é uma metáfora significando o posicionamento do homem superior diante do mundo e do mundo diante do homem superior. 

O homem superior é aquele que possui a consciência sendo iluminada e o homem inferior é aquele que ainda não possui a consciência sobre a iluminação da mesma ou está apenas em seus primeiros passos nesta longa jornada.



Quando Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante, a Filha mais Velha, é acolhida e estruturada por Ken, a Montanha, a Quietude, a Imobilidade, o Mestre, é certo que este último, o Mestre, estará todo o tempo, em sua Serenidade, voltado para bem realizar a Suavidade e o Penetrante de Sun, o Vento, a Madeira, tanto em termos do próprio Vento que sempre trata da Comunicação entre os seres quanto em termos da própria Madeira advinda da Árvore que precisa ou da Terra, K'un, ou da Montanha, Ken, para crescer, amadurecer e apresentar-se ao mundo.



Quem respira apressado não dura
Quem alarga os passos não caminha
Quem vê por si não se ilumina
Quem aprova por si não resplandece
Quem se auto-enriquece não cria a obra
Quem se exalta não cresce

Lao Tse, Capítulo 24 do Tao Te Ching


A Comunicação e o Crescimento da natureza e dos seres necessitam de serem estruturados por algo perene de forma que possam acontecer o Desenvolvimento e o Processo Gradual dos inter-relacionamentos acontecidos na natureza e entre todos os seres.  Assim é formado o Hexagrama 53, Desenvolvimento, Processo Gradual, Chien, com Ken, a Montanha, a Quietude, a Imobilidade, a Serenidade, o Mestre, enquanto Trigrama da Terra e acolhendo Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante, enquanto Trigrama do Céu.

Ken, a Montanha, permanece sempre em sua Quietude, em sua Serenidade, seu Repouso, sua Imobilidade, de forma que Sun, o Vento, a Madeira, possa realizar sua Movimentação, seu Crescimento, sua Adaptabilidade.

E é exatamente pelo fato de que o Trigrama da Terra, em Ken, a Montanha, o Mestre, se manter em sua Quietude e em sua estrutura repousante e imóvel, sólida e perene...., que Sun, o Vento, a Madeira pode realizar-se enquanto Trigrama do Céu apresentando sua Movimentação e seu Crescimento constantes, uma quase/aparente fragilidade diante do corpo imenso e concreto da Montanha!

Assim, Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, é possibilitado de acontecer porque a sólida e imóvel Montanha, Ken, o Mestre,  permite a Movimentação e o Crescimento de Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante.  Unem-se imobilidade e mobilidade; unem-se inércia e movimentação e crescimento; unem-se repouso e ação.  A aparente perenidade da Montanha permite acontecerem a inconstância do Vento e a quase efemeridade da Árvore, da Madeira.

Ken, a Montanha, permite o Desenvolvimento porque sempre permanecerá em sua Quietude.  Sun, o Vento, a Madeira, permite o Processo Gradual por fazer realizar a Árvore crescendo ao alto da Montanha, vagarosamente entranhando suas raízes por entre as rochas, vagarosamente firmando-se e buscando seu vagaroso Crescimento enquanto o Vento, em sua Movimentação  constante, faz realizar a comunicação entre os seres.
Ken, a Montanha, é testemunha da Criação do Planeta Terra, em K'un, a Terra, a Mãe.  Ken, a Montanha, possui o tom da Perenidade dentro da duração da vida planetária!  Sun, a Madeira, o Penetrante, enquanto Árvore, pode até possuir uma longa duração... um ou dois milênios, por exemplo..., mas jamais poderá viver o tempo de uma Montanha, era após era, Grande Ano (26 mil anos: 12 Eras) após Grande Ano...  No entanto, a Montanha sempre permanece Montanha e a Árvore sempre permanece Árvore, apenas que a Montanha é sempre ela mesma... mas uma Árvore nasce, cresce, vive e morre e suas sementes fazem acontecer a vida de outras Árvores.

Por  tudo isso, podemos, então, compreender que Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, nos apresenta todas as situações onde estão envolvidas as questões voltadas para a boa estruturação das mesmas e essa boa estruturação permite que os acontecimentos, os eventos, as situações sejam construídos de forma bem embasada e cumprindo todos seus processos, ao longo dos tempos, vagarosamente, gradualmente, passo a passo.

Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, é a História.  A História repousa sobre uma estrutura sólida e vai contando e recontando sobre os fatos, os eventos, as circunstâncias, as pessoas envolvidas, a evolução (ou involução) da linguagem, dos costumes, do pensamento...

Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, conta a História do Planeta bem como conta a história de cada um de nós, certamente!

Toda História, toda história, toda estória..., começa a partir de determinado evento, sim, porém este evento já é a conclusão de uma História anterior, já é a gestação de uma nova História, já é o começo de um nova História....  E ao final, esta História parece ter encontrado seu final...  mas não.  Todo o final é sempre apenas o recomeço. 

E esta questão estará contida dentro do Hexagrama Nuclear inserido em Ch'ien, Desenvolvimento, Processo Gradual, em Wei Chi, Antes da Conclusão (Hexagrama este que acolhe, por sua vez, o Hexagrama Nuclear Chi Chi, Depois da Conclusão, fazendo com que os Hexagramas finalizantes do I Ching do Caminho do Mundo da Manifestação, Hexagramas 63 e 64 atuem enquanto conclusão e enquanto gestação de novos começos!).







O Julgamento


A jovem é dada em casamento.  Boa fortuna!  A perseverança é favorável.

No Hexagrama, encontraremos Quatro Linhas em seus posicionamentos idealmente corretos: são as Linhas Segunda, Terceira, Quarta e Quinta. 

No entanto, apenas as Linhas Segunda e Quinta efetivamente se correspondem e por esta razão formam o enlace entre o elemento Yin (Segunda Linha, o homem da Terra) e o elemento Yang (Quinta Linha, o Homem do Céu) e apresentam-se ambas enquanto as Governantes de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual.


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_______           Quinta Linha Yang e idealmente correta e correspondente à                                 Segunda Linha
___  ___                                              Quarta Linha Yin e idealmente correta
_______                                               Terceira Linha Yang e idealmente correta
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                              Segunda Linha Yin e idealmente correta e correspondente à                                 Quinta Linha
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Serão esses elementos Yin e Yang em seus lugares idealmente corretos que estarão trazendo o teor fundamental da Boa Fortuna augurada no Julgamento: A jovem é dada em casamento.  Boa Fortuna!  Podemos pensar que a Jovem é a Segunda Linha, a Linha Yin, e que o noivo é a Quinta Linha, a Linha Yang.  No entanto, sabemos que Ken, a Montanha, é o Filho mais Jovem enquanto Sun, o Vento, a Madeira, é a Filha mais Velha.  Porém ambos estão já tão entrelaçados em mútua correspondência que já assumem o caminho do meio - a Linha do Meio - dos Trigramas da Terra e do Céu! 

Por isso, Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, vem tratar sobre o casamento - bem como sobre outros tantos acontecimentos que envolvem associações, acordos, etc, e ainda projetos pessoais de vida, projetos sociais... - e todos os passos para estas realizações e para a boa manutenção dos mesmos ao longo de muito, muito tempo - A perseverança é favorável -, aliando Crescimento e Movimentação e Adaptabilidade, a Suavidade e o Penetrante do cotidiano da vida, em Sun, o Vento, a Madeira,  com a Perenidade e a Serenidade, em Ken, a Montanha, a Imobilidade. 






A Imagem


Uma árvore na montanha: a imagem do Desenvolvimento.  Assim, o homem superior mantém-se no caminho da dignidade e da virtude para que haja uma melhora dos costumes.


O Crescimento vagaroso, a boa Comunicação entre os seres e a Adaptabilidade são todas Virtudes de Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante, que neste Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, apresenta ao mundo a maturidade de todas essas ações sendo apreciadas por todos - assim como a Árvore no alto da Montanha pode ser vista de longe -, e esta maturidade é exercida pela Filho mais Velha, Sun, o Vento, a Madeira, que se estrutura sobre o Filho mais Jovem que se realiza dentro de uma quase perenidade (se mantém sempre Jovem diante de sua Quietude e do longo tempo de vida que possui), em Ken, a Montanha, a Imobilidade, o Mestre.

O Mestre se mantém sentado em seu silêncio, se mantém dentro de sua Serenidade alcançada através sua entrada no Vazio e seu retorno à vida do cotidiano - porém sempre se mantendo dentro da Quietude alcançada através sua longa jornada em busca de sua Iluminação.  Tudo isso perfaz um verdadeiro longo caminho, é um processo gradual, é um desenvolvimento que acontece passo a passo e prevê, todo o tempo, a ação do Crescimento vagaroso, da boa Comunicação entre os seres, da Adaptabilidade às questões que vão sendo apresentadas pela vida, da Suavidade das ações, do Penetrante nas situações, como um todo.

Ao longo do processo estruturador de Ken, a Montanha, atuando enquanto Trigrama Primordial e da Terra, Trigrama Interior, viemos vendo, primeiramente, seu entrelaçamento com sua Mãe, em K'un, a Terra, lhe trazendo a maior Virtude do homem superior, a Humildade, a Modéstia.  Em seguida, já em seu encontro consigo mesma, em Ken, a Montanha Repetida, a Quietude, a Imobilidade, o Mestre, encontramos a realização plena do Mestre em seus Caminhos da Iluminação e da Liberação ou Imortalidade e a compreensão sobre a fusão entre os momentos de vigília e de ação na vida e os momentos de repouso e de entrada no silêncio, na Quietude.  Vimos também que, ao longo de todos esses processos de vida, foram precisos esforços de ação confrontante com Karmas - em ações e reações -, em Chian, Dificuldades, Obstruções, Vicissitudes... e para tanto, para superar todos esses obstáculos que a vida sempre traz, a Quietude e a Serenidade já amadurecidas por Ken, a Montanha, foram fundamentais.

Agora, em Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, a vida vai acontecendo ao longo de seu tempo, passo a passo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano, década a década, século a século, milênio a milênio, era a era.... e tudo sempre acontece sendo estruturado pela Perenidade da Montanha, Ken, acolhendo o Crescimento vagaroso e Penetrante, de Sun, a Madeira, e acolhendo a Comunicação entre os seres, a Adaptabilidade às situações que vão se transformando, a ação de Suavidade, de Sun, o Vento.

Assim, em Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, podemos encontrar a Imobilidade e a Perenidade e a Serenidade da Montanha, Ken, sempre acolhendo tanto o Crescimento mais Vagaroso e Penetrante, de Sun, a Madeira, quanto a Ligeireza e Inefabilidade de Sun, o Vento, a Suavidade.  A Montanha permanece a mesma ao longo das eras...  mas a Árvore que cresceu vagarosamente ao alto da Montanha dura não muito mais do que um milênio, se tanto...  e o Vento sempre existe mas sua inefabilidade e seu rodopiar constante fazem com que pouco dure num mesmo lugar, sempre se movimentando - sem nunca porém, deixar de realizar sua ação de ventar, aqui ou acolá.
É na ação perseverante, passo a passo, do cotidiano da vida que o homem superior vai realizando-se tanto dentro de sua Perenidade e de sua Serenidade estruturadora de si mesmo quanto dentro de seu Crescimento mais rápido ou mais vagaroso, de suas ações de curto prazo, de médio prazo ou de longo prazo.  O real Desenvolvimento acontece a partir do Processo Gradual de realizações - e tudo sempre estruturado pela interiorização absoluta e bem concretizada do ser.

E porque tudo isso acaba sendo imajado pela Árvore ao alto da Montanha, que pode ser vista por todos e bem de longe..., é que o I Ching nomeia esta estruturação de Ken, a Montanha, acolhendo Sun, o Vento, a Madeira, enquanto Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual: é uma realização pessoal de cada um de nós e esta realização pessoal sempre pode servir de exemplo, de modelo, pode ser vista por todos, efetivamente sendo atuada através a Mestria do homem em busca de se tornar homem superior.

Assim, o homem superior mantém-se no caminho da dignidade e da virtude para que haja uma melhora dos costumes.







Trigramas e Hexagrama Nucleares


Em Chien,  Desenvolvimento, Processo Gradual, estaremos encontrando Li, o Fogo, a Lucidez, o Sol, o Espírito, no Trigrama Nuclear Superior, e K’an, a Água, o Perigo, o Abissal, a Sabedoria, a Luz, a Alma, no Trigrama Nuclear Inferior - ambos formando o Hexagrama Nuclear Wei Chi, Antes de Conclusão.





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Desenvolvimento          Fogo                Água                            Wei Chi, Antes da Conclusão
Processo Gradual


Em Li, o Fogo, Trigrama Nuclear Superior, podemos ver que existem Três Linhas idealmente corretas advindas de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, o Hexagrama Primordial em suas Linhas Terceira, Quarta e Quinta - que em Li, o Fogo, formam as Linhas Primeira, Segunda e Terceira, Linhas Yang, Yin e Yang, respectivamente.

No entanto, em termos de correspondência de Linhas no Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, vimos que apenas as Linhas Segunda e Quinta assim se relacionam.  Sendo assim, em Li, o Fogo, Trigrama Nuclear Superior, encontraremos a Quinta Linha atuando de forma intensa e trazendo Lucidez para o Homem do Céu - figura de real importância neste Hexagrama Primordial por ser uma Linha Governante, juntamente com a Segunda Linha.

Em K’an, a Água, Trigrama Nuclear Inferior, podemos ver que existem podemos ver que existem Três Linhas idealmente corretas advindas de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, o Hexagrama Primordial em suas Linhas Segunda, Terceira e Quarta - que em K’an, a Água, formam as Linhas Primeira, Segunda e Terceira, Linhas Yin, Yang e Yin, respectivamente.

No entanto, em termos de correspondência de Linhas no Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, vimos que apenas as Linhas Segunda e Quinta assim se relacionam.  Sendo assim, em K’an, a Água, Trigrama Nuclear Inferior, encontraremos a Segunda Linha atuando de forma intensa e trazendo, ao homem da Terra,  a Sabedoria sobre como enfrentar os Perigos.... e sabemos que a Segunda Linha é uma figura de real importância neste Hexagrama Primordial por também atuar enquanto Linha Governante, juntamente com a Quinta Linha.

Por tudo isso, podemos ver que a Linha Final do Trigrama da Terra e a Linha final do Trigrama do Céu, no Hexagrama Nuclear Wei Chi, Antes da Conclusão, Fogo sobre Água, são Linhas extremamente importantes no Hexagrama Original - por serem as Linhas Governantes e expressarem a fusão entre o homem da Terra e o Homem do Céu, entre o Yin e o Yang Sublimes, entre os seres em seus elementos feminino e masculino.

Essa situação, dentro do Hexagrama Nuclear, determina a conclusão do Trigrama da Terra, em K’an, a Água, e que traz consigo a Linha Governante sendo atuada enquanto o Homem da Terra, extraído do Hexagrama Original.  Portanto, é dentro de Ken, a Montanha, em sua Perenidade e em sua Serenidade e em sua Quietude, que o Homem da Terra tem a possibilidade de adquirir a Sabedoria para poder enfrentar os Perigos advindos do Trigrama Nuclear Inferior, em K’an, a Água.

E essa situação dentro do Hexagrama Nuclear, determina a conclusão do Trigrama do Céu, em Li, o Fogo, e que traz consigo a Linha Governante sendo atuada enquanto o Homem do Céu, extraído do Hexagrama Original.  Portanto, é dentro de Li, o Fogo, a Lucidez, que o Homem do Céu tem a possibilidade de adquirir a Suavidade, o Penetrar para poder vivenciar as questões advindas do Trigrama Nuclear Superior, em Li, o Fogo, a Lucidez.

Tudo isso faz com que o Hexagrama Primordial, Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, Vento sobre Montanha, possa ir sempre realizando-se em seu passo a passo, em sua Serenidade que estrutura o Crescimento vagaroso da Árvore ao alto da Montanha, na boa concretização estabelecida na base estrutural dos inter-relacionamentos dos seres, sendo cultivado ao longo de suas vidas, desde o começo à conclusão de cada um deles, ou seja, tanto interiormente quanto exteriormente - e essas questões são bem apresentadas pelo I Ching tanto em seu  texto para o Julgamento quanto em seu texto para a Imagem.


Outra questão também interessante a ser observada enquanto o Hexagrama Nuclear Wei Chi, Antes da Conclusão, é que todas suas Linhas estão dispostas de forma idealmente incorreta, ou seja, toda a conclusão já pressupõe um novo começo -  e isso está apresentado através o último dos 64 Hexagramas do I Ching do Mundo da Manifestação!


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_______           Li, o Fogo, o Aderir, a Lucidez, o Espírito, o Sol
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___  ___           K’an, a Água, o Abismal, o Perigo, a Sabedoria, a Alma, a Lua


Sabemos que em Chi Chi, Após a Conclusão, Hexagrama 63, penúltimo do Mundo da Manifestação, Água sobre Fogo, K’an sobre Li, Alma sobre Espírito, encontramos as Seis Linhas em seus posicionamentos ideais: é o Hexagrama que possui a composição ideal das Linhas e isso significa o auge, o apogeu, a completude das situações acontecidas no Mundo da Manifestação.  Esta completude, dentro da Mutação, I, faz acontecer a desagregação do todo, do tudo e do nada, ou seja, tudo novamente tem seu começo e esse começo já é anunciado em Wei Chi, Antes da Conclusão, ou seja, o Hexagrama onde todas as Seis Linhas estão idealmente incorretas! 

No entanto, é exatamente a desordem do posicionamento ideal das Linhas que fará que o mundo da manifestação seja renovado e tudo novamente busque por sua ordem final - vista em Chi Chi, Após a Conclusão, o Hexagrama que traz todas as Linhas em seus posicionamentos idealmente corretos e que, por sua vez, atua enquanto Hexagrama Nuclear inserido em Wei Chi, Antes da Conclusão.

Essa fusão entre conclusão de ciclos e novos começos, entre Linhas posicionadas idealmente e Linhas não-posicionadas idealmente..., tudo isso faz com que as questões que acontecem através a Quietude e a Perenidade da Montanha, Ken, acolhendo a Movimentação, o Penetrar e a Suavidade de Sun, o Vento, a Madeira - a Árvore ao alto da Montanha em seu vagaroso crescimento porém podendo ser vista por todos e bem de longe -, tudo isso faz com que não somente aconteça o Desenvolvimento em Processo Gradual e que, em cada passo sempre uma conclusão pode acontecer dando lugar a um novo começo! 

Sendo assim, Desenvolvimento, Processo Gradual, é feito de passo a passo, numa longa escadaria a ser escalada, numa longa jornada a ser vivenciada, num longo caminho a ser caminhado através os seres e seus entrelaçamentos vários e as várias situações que vão acontecendo, ao longo de suas vidas! A perseverança é favorável.


Assim são Li, o Fogo, sobre K’an, a Água.  Li, o Fogo, representa o Sol e K’an, a Água, representa a Lua.  Li, o Fogo, mora no Sul, é o Verão, enquanto K’an, a Água, mora no Norte, é o Inverno - isso dentro do Mundo da Manifestação.  Ambos vieram do Mundo da Não-Manifestação fazendo parte do Leste, da Primavera, e do Oeste, do Outono.

 Por isso, fazem parte de todo o caminhar do Sol ao longo do dia e da Lua ao longo da noite, fazem parte dos elementos masculino e feminino, cada qual dentro de suas ações e conclusões e realizações de novos começos.  A jovem é dada em casamento.  Boa fortuna! 


O Espírito está trabalhando sua ascensão espiritual, sua libertação da materialização inexorável através da Roda da Vida.  o Espírito está trabalhando sua exteriorização, em Li, o Fogo.

A Alma está trabalhando sua materialização, sua encarnação, sua interiorização, em K’an, a Água.

Assim, o homem superior mantém-se no caminho da dignidade e da virtude para que haja uma melhora dos costumes.






As Linhas

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No Hexagrama, encontraremos Quatro Linhas em seus posicionamentos idealmente corretos: são as Linhas Segunda, Terceira, Quarta e Quinta. 

No entanto, apenas as Linhas Segunda e Quinta efetivamente se correspondem e por esta razão formam o enlace entre o elemento Yin (Segunda Linha, o homem da Terra) e o elemento Yang (Quinta Linha, o Homem do Céu) e apresentam-se ambas enquanto as Governantes de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual.

Serão esses elementos Yin e Yang em seus lugares idealmente corretos que estarão trazendo o teor fundamental da Boa Fortuna augurada no Julgamento: A jovem é dada em casamento.  Podemos pensar que a Jovem é a Segunda Linha, a Linha Yin, e que o noivo é a Quinta Linha, a Linha Yang.  No entanto, sabemos que Ken, a Montanha, é o Filho mais Jovem enquanto Sun, o Vento, a Madeira, é a Filha mais Velha.  Porém ambos estão já tão entrelaçados em mútua correspondência que já assumem o caminho do meio - a Linha do Meio - dos Trigramas da Terra e do Céu! 

Por isso, Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, vem tratar sobre o casamento e todos os passos para esta realização e para a boa manutenção do mesmo ao longo de muito, muito tempo, aliando Crescimento e Movimentação, a Suavidade e o Penetrante do cotidiano da vida, em Sun, o Vento, a Madeira,  com a Perenidade e a Serenidade, em Ken, a Montanha, a Imobilidade,  da estruturação primordial da relação. 

Por esta razão, o I Ching apresenta a imagem dos pássaros selvagens - os gansos - que se casam e são fieis um ao outro durante suas vidas inteiras e assim, podem construir algum empreendimento, juntos e vagarosamente, passo a passo, com perseverança.  E todo esse processo é augurado como bem-afortunado!

As Linhas de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, vão comentando sobre o vôo do ganso selvagem, gradualmente, desde a margem do rio/mar/lago até o alto da montanha...

E certamente, todo o Desenvolvimento, todo o Processo Gradual, estão entrelaçados aos Trigramas Nucleares inseridos: Li, o fogo, o Sol, o Aderir, a Lucidez, enquanto Trigrama Nuclear Superior; e K’an, a Água, o Perigo, o Comer e o Beber, o Mistério, o Abismal, a Sabedoria, como Trigrama Nuclear Inferior - ambos formando Wei Chi, Antes da Conclusão, Fogo sobre Água, o Hexagrama 64 que apresenta o entrelaçamento entre a conclusão de um ciclo e o novo ciclo que se apresenta, em eterno retorno.

O processo do vôo do ganso selvagem vai sendo revelado através das Linhas em suas ascensões e tendo sempre em mente a visão que temos do Mundo da Manifestação em termos da Grande Montanha, Ken, acolhendo sobre seu cume, uma Arvore, Sun, e tendo o Vento, Sun, entrelaçando-se em todo o caminho.

Sabemos que a Montanha sempre repousa sobre sua Mãe, em K'un, a Terra, a planície que margeia o rio, o lago, o mar.  O bando de gansos pousam no sopé da Montanha, chegando de uma longa viagem... e aprontando-se para a continuidade dessa viagem, agora Montanha e Vento/Madeira acima... até encontrar o Céu!




Assim, as Linhas vão contando os acontecimentos, o Desenvolvimento, o Processo Gradual, do vôo do ganso selvagem, desde o rés do chão, o sopé da Montanha, subindo pelas rochas escarpadas, vencendo o Vento, embalado pelo vento, e chegando ao planalto, ao cume da Montanha, no Trigrama da Terra, e ainda deparando-se com a Arvore que lá entranha suas raízes e apontando para o Céu, para as alturas do Tao infinito, no Trigrama do Céu.


A Primeira Linha apresenta os gansos, as aves aquáticas, alcançando as margens do lago/do rio/do mar aos pés da Montanha. 

A Segunda Linha apresenta o bando de gansos aproximando-se da Montanha, dos rochedos e preparando-se para a longa jornada Montanha acima e Árvore acima - auxiliados pelo Vento - e para tanto, comem e bebem em paz e harmonia.

A Terceira Linha apresenta o ganso selvagem já alcançando o cume da Montanha, a fronteira entre o Trigrama da Terra e o Trigrama do Céu.  É um momento de desafio: segue-se adiante ou se retorna?

A Quarta Linha apresenta o ganso selvagem buscando por um lugar seguro na Arvore.

A Quinta Linha é bem-sucedida em encontrar o ponto mais alto tanto da Montanha quanto da Arvore porém precisa ter precaução em relação ao distanciamento com seu bando.

A Sexta Linha encontra a conclusão afortunada de toda a escalada realizada pelas Linhas anteriores.  Por esta razão, a Sexta Linha permite que o ganso selvagem possa alcançar as alturas das nuvens.  É uma Sexta Linha diferenciada porque estará deixando o Hexagrama, sim, porém em grande estilo, sendo admirada por todos aqueles que presenciaram suas ações ascensionais e corretas.






Linha a Linha

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___  ___           Primeira Linha


O ganso selvagem aproxima-se gradualmente da margem.  O jovem filho está em perigo.  Há comentários.  Nenhuma culpa.

A Primeira Linha é Yin em lugar idealmente Yang e por esta razão, apresenta passos ainda um tanto inseguros de alguém que está apenas dando início a uma longa jornada de vida: é o começo do Desenvolvimento já prometendo acontecer através um Processo Gradual.  No entanto, o I Ching assegura: Nenhuma culpa.

Existem muitas imagens acontecendo já nesta Primeira Linha do Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual.

O ganso selvagem - O ganso selvagem aqui é considerado o símbolo da fidelidade conjugal, a união entre os Sublimes Yin e Yang entre as duas Linhas idealmente corretas e que se correspondem intensamente e que atuam enquanto Linhas Governantes do Hexagrama, Linhas Segunda e Quinta - é advindo de Li, o Fogo, Trigrama Nuclear Superior e possui muita ação de expansão e força para galgar a Montanha, Ken, no Trigrama da Terra Primordial e também a Árvore sobre a Montanha, Sun, o Vento, a Madeira.

........ aproxima-se gradualmente da margem.  -  O ganso selvagem voa sobre as águas do rio, do mar, do lago e aqui estaremos encontrando o Trigrama Nuclear Inferior, em K’an, a Água.

O jovem filho está em perigo.  -  Ken, a Montanha, Trigrama da Terra Primordial, é o Filho mais Jovem... e daí esta frase tenha sido possivelmente construída.  O Perigo advém de K’an, a Água, atuando enquanto Trigrama Nuclear Inferior.  Essa fusão entre Montanha e Água já encontra-se implícita desde a Primeira Linha do Hexagrama.  E também veremos que existe o mesmo movimento descendente tanto em Montanha quanto em Água e assim sendo, esta possibilidade de alguém jovem  tendo que enfrentar o perigo é aqui aventada.

Há comentários.  Sun, o Vento, é também a Comunicação devido ao fato de que o vento carrega o som e o som das palavras de comunicação entre os seres.  No entanto, Sun, o Vento, encontra-se no Trigrama do Céu Primordial, ou seja, ainda um tanto distante da Primeira Linha que apenas sugere a aproximação gradual da margem para se chegar na Planície e para se colocar aos pés da Montanha que acolhe a Árvore!  Existe ainda toda uma Montanha a ser escalada pelo ganso selvagem que está recém chegando e iniciando um novo ciclo de vida e, portanto, os comentários possivelmente sendo gerados em Sun, o Vento, podem perder-se no vento...

Nenhuma culpa.   Todas estas questões fazem parte do início de um novo ciclo e todo o início pressupõe o começo de aprendizado de vida, de um amadurecimento e do enfrentamento das questões da vida, tanto simpáticas quanto pouco simpáticas.  E o enfrentamento das situações irá, ao longo dos tempos de Desenvolvimento, de Processo Gradual, trazer a Lucidez - Li, o Fogo, Trigrama Nuclear Superior -, para este novato de um novo ciclo de vida!  Por esta razão, o I Ching simplesmente diz:  Nenhuma culpa.





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___  ___           Segunda Linha
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O ganso selvagem dirige-se gradualmente aos rochedos, comendo e bebendo em paz e harmonia.  Boa fortuna.


Na Segunda Linha, estaremos encontrando o ganso selvagem  já passando a cumprir com seu Desenvolvimento, com seu Processo Gradual de galgar a Montanha e alcançar seu cume e encontrar um galho simpático na Árvore e ali ficar... ou mesmo ainda buscar outras alturas....

Esta é uma Linha idealmente correta, por ser Yin, e relaciona-se em direta correspondência com a Quinta Linha também idealmente correta, por ser Yang.  A Segunda Linha é o Homem da Terra e a Quinta Linha é o Homem do Céu.  Em função dessa realidade de posicionamentos corretos entre ambas, são a Segunda e a Quinta Linhas as Governantes do Hexagrama, as Linhas que fazem parte constante dos dizeres contidos no Julgamento e na Imagem, sem dúvida alguma!

Por estar se sentindo muitíssimo bem neste lugar, os rochedos da alta Montanha, o ganso selvagem, na Segunda Linha, usa de K’an, a Água, no sentido de esta providenciar uma de suas qualidades que é o comer e o beber e por ter tal força de correspondência com ao Quinta Linha, chama-a para juntar-se a si bem como chama os demais gansos que estejam realizando o vôo de galgar Montanha acima e Árvore acima, em Desenvolvimento, em Processo Gradual.  Boa fortuna.






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_______           Terceira Linha
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O ganso selvagem dirige-se pouco a pouco ao planalto.  O homem parte, e não regressa.  A mulher está grávida, mas não dá a luz.  Infortúnio!  É favorável prevenir-se contra ladrões.

O Planalto é um lugar diferente da Planície.  O Planalto é o cume da Montanha, Ken, enquanto a Planície é um lugar mais voltado para um vale, em K'un, a Terra.

A Terceira Linha é Yang e correta e traz a imagem do cume da Montanha - portanto podendo ser considerada O Planalto.  O ganso selvagem dirige-se pouco a pouco ao planalto. 

Quando termina a Montanha, no Trigrama da Terra, o que se tem a fazer?  Ascender para o Trigrama do Céu - que vem em Sun, o Vento, a Madeira.

Existe uma união entre as Linhas Terceira e Quarta - porque a Terceira Linha é a última do Trigrama da Terra e a Quarta Linha é a primeira do Trigrama do Céu: são Linhas fronteiriças, limítrofes.

Sabemos que a Montanha, Ken, possui um movimento intensamente descendente e ter por virtudes a Quietude, a Imobilidade, a Serenidade, a Perenidade.

Sabemos que Sun, o Vento, possui um movimento intensamente ascendente - bem como descendente e bem rodopiante, digamos assim - e tem por virtude a Suavidade.  E sabemos que Sun, a Madeira, possui um movimento intensamente Penetrante - mais descendente do que ascendente, é verdade - e tem por virtude o Penetrante.

Vemos, então, que existe um tom para Ken, a Montanha, no Trigrama da Terra, que é bem diferenciado  do tom que existe para Sun, o Vento, a Madeira, não é verdade?

E é exatamente aqui, na Terceira Linha de Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, que estes tons diferenciados se confrontam.  E por ser uma Linha Yang  e idealmente correta, possui força suficiente para deixar o Trigrama da Terra e adentrar o Trigrama do Céu.  Por esta razão, o I Ching diz:   O homem parte, e não regressa.

No entanto, sabemos que a imagem que realmente compõe o Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, é a Montanha acolhendo a Árvore que ira crescer vagarosamente, sim, mas que um dia poderá ser vista por todos e de bem longe!  Sendo assim, a Linha Terceira, Yang e idealmente correta de Ken, a Montanha, fusiona-se inteiramente com a Linha Quarta, Yin e idealmente correta de Sun, a Madeira, e o Planalto acolhe as raízes da Árvore a vir-a-ser!

Portanto, existe uma separatividade grande entre os Trigramas da Terra e do Céu - em termos de suas movimentações antagônicas, em termos de Perenidade e de Efemeridade, digamos assim, entre Ken, a Montanha, e Sun, o Vento, a Madeira..., mas ao mesmo tempo, existe uma fusão intensa entre as Linhas fronteiriças desses Trigramas Primordiais no sentido de que a Montanha, em sua Quietude, realmente recebe, acolhe o Penetrante de Sun, a Madeira, e a Árvore no alto da Montanha passa a existir e a fazer acontecer a realidade do Desenvolvimento, do Processo Gradual, vista no Hexagrama Chien.

A partida para o Trigrama do Céu da Terceira Linha, Linha Yang e idealmente correta, faz com que o Trigrama da Terra, em Ken, a Montanha, fique sem sua Linha Yang do cume da Montanha e, ao mesmo tempo, receba a Linha Yin que faz as vezes da Quarta Linha, a Linha inicial de Sun, o Vento, a Madeira, no Trigrama do Céu - porque a Madeira, em sua ação de o Penetrante, já coloca seu enraizamento através a Linha Terceira, do cume da Montanha, para fazer acontecer a Árvore em seu Crescimento vagaroso e que perfaz o Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual!

Por essas razões, o I Ching diz:  A mulher está grávida, mas não dá a luz. Infortúnio!   Ou seja, a Segunda Linha,  Yin e idealmente correta, estaria contando com a proximidade da Linha Yang e idealmente correta posicionada na Terceira Linha...  Porém, como esta Linha se separa e não regressa - como vimos mais acima - e como a Quarta Linha, Yin e idealmente correta se entranha,  penetra através o Linha do cume da Montanha, a Terceira Linha, estaremos encontrando, então, seu posicionamento sendo assumido já na Terceira Linha e por ser Yin..., não pode fazer com que a mulher grávida da Linha Yang da Terceira Linha real, tenha seu filho, dê a luz.  Infortúnio! 

No entanto, sabemos que esse será um Processo Gradual de Desenvolvimento em relação a Segunda Linha com a Quinta Linha - porque no texto da Quinta Linha, encontraremos seu elemento ideal Yang, em posicionamento idealmente correto e perfazendo a ação de Homem do Céu, buscando a Segunda Linha para estar conjugada a si mesmo, e a Segunda Linha, enquanto Homem da Terra, finalmente se vê bem-sucedida em seu sentido de feminilidade mais intrínseca.


Ainda sobre as questões de separatividade  e de fusionamento entre as Linhas Terceira e Quarta, podemos ainda citar as questões relacionadas ao Trigrama Nuclear Inferior inserido nas Linhas Segunda, Terceira e Quarta: em K’an, a Água, o Perigo, o Ladrão.  O I Ching aqui previne e aconselha:  Infortúnio!  É favorável prevenir-se contra ladrões.

prevenir-se - Aqui é pressuposto que o ato de prevenir-se advenha de Li, o Fogo, a Lucidez, Trigrama Nuclear Superior e o Perigo ameaçador advém de K’an, a Água, o Perigo.



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___  ___           Quarta Linha
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O ganso selvagem dirige-se pouco a pouco à árvore.  Talvez encontre um galho plano.  Nenhuma culpa.

A Quarta Linha é Yin e idealmente correta.  É o começo do Trigrama do Céu, em Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante.

Vimos que o Trigrama do Céu pode ser imajado enquanto uma Árvore que entranha suas raízes nos rochedos no planalto que acontece ao cume da Montanha e vimos também que a Linha Yin da Quarta Linha fusiona-se intensamente com a Linha Yang da Terceira posição de forma que as raízes da Árvore efetivamente se fusionem com a Montanha e que realizem seu Crescimento, impulsionadas pela Linha Yang do cume da Montanha, do planalto.

O Trigrama do Céu,  sendo imajado como uma Árvore, em Sun, o Vento, possui movimento descendente em termos das entranhas das raízes, em o Penetrante porém possui movimento ascendente em termos de Sun, o Vento, que se eleva desde a Linha da Terra, passando pelo Homem do Céu até finalmente encontrar a Linha do Céu - galgando toda a Árvore até ascender às nuvens...

A chegada do ganso selvagem à Quarta Linha é realmente um momento bem-sucedido porém sendo compreendido dentro de uma imensa simplicidade.  A Linha Yin é ideal e correta e aspira por encontrar-se com a Linha Yang, a seguir, a Linha Governante do Hexagrama, a Quinta Linha - que o I Ching aqui denomina de um galho plano.

Por ocupar um posicionamento idealmente correto e por almejar seu encontro com a Linha seguinte também em posicionamento idealmente correto, o I Ching diz:  Nenhuma culpa.





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________          Quinta Linha
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O ganso selvagem dirige-se pouco a pouco ao cume (à copa da Árvore).  Durante três anos a mulher não tem filhos.  Ao final nada poderá impedi-la.  Boa fortuna!

A Quinta Linha é Yang e idealmente correta e corresponde-se também idealmente com a correta Linha Yin na Segunda posição.  Aqui existe a realização efetiva do encontro entre o homem e a mulher, entre o masculino e Yang e o feminino e Yin.

No entanto, por estarem separadas as Linhas Segunda e Quinta pela Perenidade e Imobilidade da Montanha e pela Adaptabilidade e Suavidade e Penetração do Vento e da Madeira (a Árvore), e por conterem entre si o Perigo instaurado pelo Trigrama Nuclear Inferior, em K’an, a Água, e pela Lucidez instaurada pelo Trigrama Nuclear Superior, em Li, o Fogo - e ainda pela sucessão de tempos e tempos através a Lua e o Sol - realizados pela Água e pelo Fogo, respectivamente - existe um interregno entre o desejar o Encontro do masculino e do feminino e pela efetiva realização do mesmo, através o cumprimento do Desenvolvimento de cada um dos seres envolvidos, através a realização do Processo Gradual de ambos.  Durante três anos a mulher não tem filhos.  Ao final nada poderá impedi-la.  Boa fortuna!

Devemos nos recordar que existe uma imensa relação de correspondência entre as Linhas Segunda e Quinta:  a Segunda Linha chamou a Quinta Linha para com ela compartilhar de seu vôo, sua bebida e sua comida. O ganso selvagem dirige-se gradualmente aos rochedos, comendo e bebendo em paz e harmonia.   

Porém, devemos também nos recordar que a Terceira Linha - Yang e idealmente correta - ascendeu para o Trigrama do Céu -  O homem parte, e não regressa. -  enquanto a Quarta Linha - Yin e idealmente correta - entranhou-se no Trigrama da Terra, no cume da Montanha, em suas raízes da Árvore a-vir-a-ser! Nenhuma culpa.

Em virtude dessa conversão de Linhas - as Linhas fronteiriças entre os Trigramas da Terra e do Céu -, aconteceu de a Segunda Linha não poder contar com a energia Yang da Terceira Linha e ao invés disso, teve que contar com a Linha Yin advinda da Quarta Linha.  Ao que o I Ching denominou de: A mulher está grávida, mas não dá a luz. Infortúnio!  

Sabemos, porém, que Chien, Desenvolvimento, prevê o Processo Gradual dentro de todas as situações e, se os seres conservarem a Serenidade e o sentimento de Perenidade advindos da Montanha e se atuarem através o Penetrante e a Suavidade advindos de Vento e de Madeira, a Árvore, ao final são bem-sucedidos em seus empreendimentos - assim como nos diz o I Ching em seus textos para o Julgamento e para a Imagem.

Por tudo isso, podemos compreender que é tão intensa a correspondência entre as Linhas Segunda e Quinta - ambas Governantes do Hexagrama -, que o I Ching diz:  Durante três anos a mulher não tem filhos.  Ao final nada poderá impedi-la.  Boa fortuna!






________          Sexta Linha

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O ganso selvagem dirige-se, pouco a pouco, à altura das nuvens.  Suas penas podem ser usadas na dança sagrada.  Boa fortuna!

A Sexta Linha é a Linha do Sábio.  Sendo uma Linha Yang (quando a Linha do Sábio é idealmente Yin e receptiva e abnegada), ela é uma Linha cheia de energia de ação e atua como empreendedora da Sabedoria do Homem Sagrado, em Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual.  É o momento de Proficiência da longa jornada realizada pelo Mestre, em Ken, a Montanha, desde sempre, fusionando sua Perenidade, sua Quietude, sua Serenidade, com o Penetrante e com a Suavidade encontrados em Sun, o Vento, a Madeira.  Boa fortuna!

Por esta razão, o I Ching diz que o ganso selvagem é bem-sucedido em voar em alturas inimagináveis:  O ganso selvagem dirige-se, pouco a pouco, à altura das nuvens. 

Ao voar assim tão alto, o ganso selvagem deixa cair suas penas... e o I Ching diz:  Suas penas podem ser usadas na dança sagrada.


Concluir o nome, terminar a obra,
Retirar o corpo - este é o Caminho do Céu

Lao Tse, Capítulo 9 do Tao Te Ching


Quando o homem consegue a expansão infinita e iluminada de sua consciência, de sua mente, ele se torna o Homem Sagrado, ou Homem Iluminado, ou simplesmente, o Homem. Este é o momento que Lao Tse identifica como Concluir o nome.

Tendo alcançado a Iluminação, o Homem parte para desenvolver seu Corpo de Luz. A princípio, ele elabora o seu Feto de Luz e o vai trabalhando a tal ponto que todo seu corpo físico é transformado em Corpo de Luz.... Dizem que a luz pode inclusive ser vista saindo de suas narinas, de suas orelhas, de sua boca... Neste ponto, Lao Tse nos aponta o momento de Terminar a obra, ou seja, o corpo físico adentra o Corpo de Luz, é a Alquimia do Caldeirão, a transmutação total da matéria simples e bruta em puro ouro - o chamado Corpo Solar.

Quando Lao Tse aponta o momento de Retirar o corpo, ele está apontando o Corpo Solar, ou Corpo de Luz ou de Ouro, que, tendo sido bem-sucedido em seu trilhar no Caminho da Imortalidade ou Liberação, pode transcender a Samsara ou Roda da Vida ou Roda das Encarnações sucessivas, subindo aos céus e lá tornando-se uma nova estrela... Ou seja, torna-se um Mestre.

Wu Jyh Cherng (*)  nos diz, em sua interpretação sobre o Capítulo 9:  “Mestre Maa diz que cada homem iluminado -  como se fosse um incenso aceso cheio de pólen aliviando o ambiente - deixa uma obra no universo.  Mesmo que esta obra seja invisível, ela existe em níveis mais sutis, menos visíveis.”





Síntese

A Montanha recebe o Vento,
formando Chien, Desenvolvimento, Progresso Gradual

A Montanha é a Quietude e tem movimento descendente, está sempre assentada sobre a Terra, K'un : assim é o Mestre que procura estar sempre sentado em seu silêncio, atado à Terra porém voltado para o Céu.

Sun, o Vento, a Madeira, possui dois movimentos: de ascensão - quando se trata do Vento, em Suavidade, em Dispersão; de descenso, quando se trata da Madeira, em Penetração.

Quando acionado em Vento, Sun traz ao Mestre sentado em seu silêncio, o Encontro da Montanha com o Céu, levando ao Céu as intenções de elevação que a Quietude traz. 

Quando acionado em Madeira, Sun traz ao Mestre as raízes das árvores, da plena materialização da vida, que deverá crescer bem ao alto da Montanha. 

As árvores ao alto da Montanha estarão crescendo vagarosamente, entrando as pedras, em suas raízes buscando as profundezas, penetrando o solo, em Processo Gradual, em lento Desenvolvimento.


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___  ___           Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade
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___  ___           Ken, Montanha, a Quietude


A Montanha traz a Imagem do Portal, em suas Linhas.  Neste Hexagrama, Desenvolvimento, Processo Gradual, também o Vento estará atuando enquanto um Portal, talvez uma porta menor, uma pequena porta por onde a Quietude da Montanha deverá penetrar e ascender aos céus.

O Portal da Montanha, no entanto, implica em observar a Quietude em seu movimento descendente; e o Portal de Sun, o Vento, a Madeira, implica em observar a Suavidade e a Penetração em seu movimento ascendente (para o Vento) e ascendente e descendente (para a Madeira).

Existe uma inter-relação grande entre esses dois Portais e esta questão faz acontecer empreendimentos bem amadurecidos entre os seres.  Sendo assim, existe em Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, um tom de casamento afortunado e um tom de empreendimento afortunado.

Esta inter-relação também pode ser vista através as duas Linhas Governantes do Hexagrama: a Segunda Linha, Yin e idealmente correta, e a Quinta Linha, Yang e idealmente correta.  Essas são Linhas idealmente corretas e que atuam enquanto Homem da Terra e Homem do Céu, respectivamente, e por esta razão, por estarem idealmente corretas, fazem com que os empreendimentos sejam bem-sucedidos, bem como o casamento entre os seres.

Os dois Trigramas Nucleares inseridos no Hexagrama Chien, Desenvolvimento, Processo Gradual, são Li, o Fogo, o Aderir, a Lucidez, enquanto Trigrama Superior, e K’an, a Água, o Perigo, a Sabedoria, enquanto Trigrama Inferior.  Esses dois Trigramas vão acompanhando o andamento ascensional das Linhas - em Desenvolvimento, Processo Gradual - fazendo com que cada Linha tenha que fusionar suas questões de Lucidez para bem poder realizar e superar o Perigo.

E é certo que também os Trigramas Nucleares auxiliam as Linhas em escalada ascensional, saindo das margens do rio (em K’an, a Água), subindo os rochedos, encontrando o cume da Montanha (em Ken, a Montanha) e então, subindo na Arvore e de lá, alçando seu vôo (em Sun, o Vento).



Créditos:

A tradução dos Capítulos do Tao Te Ching foi realizada por Wu Jyh Cherng,
do chinês para o português, e foi primeiramente publicada pela Editora Ursa Maior,
sendo hoje  publicada pela Editora Mauad, São Paulo, Brasil

Nesta mesma Editora, encontra-se 
a realização da publicação das interpretações de Wu Jyh Cherng
 acerca os 81 Capítulos da obra máxima de Lao Tse, o Tao Te Ching

(*) Tradução e Interpretação do Capítulo 9 do Tao Te Ching, de Lao Tse,
por WU JYH CHERNG.  Transcrição e Síntese de Aula Gravada na Sociedade Taoísta do Brasil,
Rio de Janeiro, em 02 de agosto de 1994.  Transcrição e Síntese de Janine Milward


O I Ching, O Livro das Mutações
Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários de Richard Wilhelm
Tradução para o português de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Correa Pinto
Editora Pensamento – São Paulo, Brasil


I Ching, Alquimia dos Números
Wu Jyh Cherng
Editora Objetiva - Rio, Brasil - Hoje publicado pela Editora Mauad, São Paulo, SP






O Fio da Meada


 I Ching do Caminho do Céu

Janine Milward

Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada